terça-feira, 2 de março de 2010

Camões - Sonetos de Amor


Já é tempo, já que minha confiança
Se desça de uma falsa opinião,
Mas Amor não se rege por razão;
Não posso perder logo a esperança,

A vida, sim, que uma áspera mudança
Não deixa viver tanto um coração;
E eu só na morte tenho a salvação?
Sim, mas quem a deseje não a alcança;

Forçado é logo que eu espere viva.
Ah, dura lei do Amor, que não consente
Quietação numa alma que é cativa!

Se hei de viver, enfim, forçadamente,
Para que quero a glória fugitiva
De uma esperança vã que me atormente?

Poesia Lírica

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